E de sentir, compreendemos
Encarando a janela do carro, eu olho pra um lugar que talvez nem mesmo exista. É um daqueles dias ensolarados que eu sempre detestei. Uma música nostálgica ecoa em meus ouvidos, mas não é como se alguma coisa nela fizesse sentido "Here comes the sun, duh, duh, duh, duh". Músicas deveriam fazer as pessoas se sentirem melhor, pelo menos foi isso o que eu passei a minha vida toda escutando, no final das contas, parece que eu fui enganada. Penso que deveria estar chovendo hoje; igual ao dia em que tivemos nossa primeira grande briga, mas que fomos obrigados a continuar nos encarando no silêncio porque a tempestade lá fora era forte demais pra que você ou eu saísse desenfreado pelas ruas, e talvez porque essa não era mesmo nossa vontade. Aquele dia percebi que você era diferente, que tinha que ser você. Sempre odiei trânsito, hoje odeio ainda mais. Se eu não estivesse aqui, parada nesse congestionamento infernal em plena segunda-feira de manhã, não necessitaria pensar tanto...